Aos 18 anos já era regente agrícola com uma especialização em Vinificação pela carismática Estação Vitivinícola da Beira Litoral. Porém, ainda hesitava entre uma laranjada Buçaco, o Mateus rosé e um tinto do Dão. Logo que se diplomou em agronomia começou a fazer vinho, estreando-se na Quinta da Alorna e na J. M. Fonseca, Internacional Vinhos, em 1975. Mais tarde foi desafiado pelos conterrâneos e começou a fazer vinho no Dão, a terra dos seus encantos. As quintas dos Roques, Maias, Bica, Cabriz, Ínsua e Santar marcaram-no como enólogo a ponto de Jancis Robinson o alcunhar de “The godfather of Dão”. Depois quis enfrentar novos desafios, fazendo os vinhos Cruz Miranda, Quinta da Margalha, Cortiçadas e Granja-Amareleja, no Alentejo, Quinta dos Termos, Covilhã e Casas Altas, na Beira Interior, Caves São Domingos, na Bairrada, Dona Berta, Quinta das Brôlhas e D. Graça, no Douro. Fascinou-se com os Açores e fez no Pico o seu primeiro licoroso. Não se contenta com a perspectiva técnica, considerando a história, a cultura e a paisagem essenciais para fazer vinhos com conceito e identidade. “Mau Feitio” é o seu novo projecto, que pretende sintetizar a sua forma de interpretar o vinho.

MANUEL MALFEITO FERREIRA

Nasceu numa terra de vinhas a perder de vista – Benfica do Ribatejo – e brincou às escondidas entre os tonéis da casa paterna. Em agronomia encantou-se com a Microbiologia e tornou-se discípulo, amigo e, mais tarde, sócio de quem lhe deu as aulas e orientou o doutoramento. Balança entre o fascínio da ciência e o pragmatismo da produção, de modo a completar-se profissionalmente. Tem feito vinho por todo o país, mas dá especial atenção ao controlo de qualidade dos vinhos, sendo reconhecido e solicitado frequentemente em Portugal e no estrangeiro. Organiza e lecciona cursos de introdução ao mundo dos vinhos onde apresenta, em conjunto com a iniciação à prova, uma perspectiva cultural e gastronómica.